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26.6.10

O exercício da profissão comprometida em diversos aspectos devido a linha editorial da empresa de comunicação.

Na história contemporânea brasileira a imprensa venceu grandes percalços, como a censura. Ela mascarava a realidade e contribuía para a parcialidade dos fatos. Com o avanço democrático no Brasil nunca ouviu se falar tanto sobre imparcialidade da imprensa livre. Porém, essa denominação é um problema que surgiu nos meios de comunicação. Há certa ingenuidade sobre essa “imparcialidade da imprensa livre”.

Atualmente os organismos responsáveis pela volta da “liberdade de expressão”, foram os meios de comunicação. Na época da censura nada passava pelo crivo dos militares. Na nossa época, o jornalista está sendo pautado pela linha editorial, pelo agendamento de notícias da mídia e claro pela audiência que ainda aceita receber notícias maquiadas.

O jornalista depende financeiramente da empresa

O jornalista pode até tentar passar imparcialidade em suas matérias. Porém, os títulos, escolha de fotos e legendas são dos editores que carregam a linha editorial de uma empresa. É demissão na certa impedir que a matéria tenha complementos parciais.

A imprensa também é uma instituição capitalista, empresarial, com fins lucrativos. As redações, portanto, estão presas ao salário do fim do mês. Podemos entender a liberdade como um campo em que o poder do Estado não consegue interferir. As redações não têm mais esse controle governamental, mas tem um controle comercial muito forte.

Os jornalistas podem burlar esse controle com o seu texto. Será? Do que adianta fazer um texto cheio de ambiguidades e com diversas significações, se a essência do jornalismo é escrever de forma clara para o público. Será que o público irá entender o que pretendíamos passar?

“É triste, é desalentador, mas é um fato. São muitas as redações que sucumbem às seduções do mercado (do poder econômico) e são muitas as que procuram se abrigar sob o manto do Estado, fazendo o jogo, por vias indiretas e dissimuladas, do poder”, afirma Eugênio Bucci.

A imprensa precisa se impor. As audiências sabem que não há uma imprensa imparcial. Tanto que muitos leitores preferem uma empresa à outra. Então por que a empresa não assume de que lado está? A sociedade está segmentada. Isso é fato.

Os grupos sociais têm mudado a maneira de como se relacionam com a produção cultural. Conforme seus valores, os grupos estão escolhendo a forma de linguagem, visual e conteúdo que querem ter contato. São novas formas de ação e de interação no mundo social, o estabelecimento de redes sociais, novas formas de ver a si mesmos e aos outros segmentos e indivíduos na sociedade.

A parcialidade maquiada pela empresa por imparcialidade

Aqui chegamos, finalmente, à função de mediação que só a imprensa livre pode exercer. Apenas as redações independentes podem promover a mediação de um discurso imparcial. Redações independentes não têm inclinações de esquerda, de direita, ou neutra: o fundamental é que elas sejam independentes da lógica do Estado e da lógica do mercado.

As empresas de comunicação vendem uma imagem de imparcialidade. Que não existe. Alguns exemplos: O grupo RBS se vende como um Olhar Gaúcho, a Rede Record como um olhar do povo e a Rede Bandeirantes com a rapidez da informação. O problema que tudo isso é uma jogada comercial para conquistar mais público e vender mais anúncios.

O dinheiro do anúncio é mais importante que a informação

Jornalistas independentes são sustentados não pelo Estado ou pela publicidade privada, mas pela confiança do público e pelos recursos financeiros que daí provêm. Um blog vinculado a um movimento social qualquer pode ser uma boa fonte de dados e de pensamentos originais – mas não é uma redação independente. Ela presta contas ao movimento social a que se vincula, e não ao público. (Bucci, 2010)

O dinheiro de um anúncio é muito mais importante que um furo de reportagem. “Esse furo pode ser publicado amanhã! Hoje iremos publicar essa conta exclusiva do anunciante.” Isso tanto é verídico que a parte comercial de um jornal lança para a redação o espelho do que sobra de espaço para a produção jornalística.

O jornalista, portanto, tem que aprender que o jornalismo é regido pela linha editorial e pelo dinheiro. Se você não gosta dessa atitude vá para outra empresa, ou crie a sua própria empresa, com padrões administrativos que estão de acordo com você.

A mudança deste panorama não depende do jornalista, e sim de quem detém o poder financeiro. Essa é a verdade! O jornalista não pode mudar uma empresa. Mas ela pode mudar o jornalista. Afinal, o dinheiro no final do mês, por menor que seja, é o sustento desse mero trabalhador assalariado.

Texto produzido por Alexandre Soares Pinto e Bruna Essig para a aula de ética e cidadania da Famecos. 2010/1.

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